quinta-feira, 16 de abril de 2009

A educação está na rua!

Ao visitar o Brasil, o sociólogo do trabalho Domenico de Masi previu a desvalorização do diploma de ensino superior- um papel reverenciado, cobiçado pelo dom de assegurar bons salários.No momento de contratar, as empresas tenderiam,segundo ele, a olhar menos para galeria de diplomas, e mais para o acúmulo de experiência. Estamos assistindo ao fim da escola? Muito provavelmente. A escola como a conhecemos está com os dias contados. Quem está no mercado de trabalho, acompanhando a evoluçaõ da empresas, e, ao mesmo tempo, na escola, percebe um monumental abismo. A escola simplesmente não consegue acompanhar a rapidez das transformações, presa a conteúdos ultrapassados; Professores sem referência ministram testes imprestáveis fora de sala de aula, pelos quais os alunos são indevidamente avaliados. O que as empresas querem é o óbvio; alguém que resolva problemas, que supere conflitos, usando a improvisação, criatividade, intuição. Como na era da informação, movida a globalização, os problemas se renovam com crescente velocidade, o indivíduo deve estar apto a se reciclar sempre. Por esses motivos, as grandes empresas do tipo Xerox, IBM, Microsoft, e Packard lançam as próprias universidades. Daí a aposta de Domenico na perda do valor do diploma. Canudos de Harvard, Columbia, USP, FGV ou Unicamp obviamente ajudam. Mas esse referencial tende a se enfraquecer caso, em primeiro lugar , o aluno não se mantenha atualizado, com novos cursos- e, em segundo lugar, não for nutrido com um acervo de experiências. Qual seria então, a boa escola? É a escola da rua. É aquela que obriga o estudante, desde o início de sua vida escolar, a resolver problemas simulando a realidade; a partir daí , são encaixadas as cadeiras como português, matemática, física,história. A informação é apresentada dentro de um contexto, nada a ver com aquela decoreba, esquecida no dia seguinte ao da prova. A boa escola é aquela em que os professores, transformados em tutores, administram cotidianamente a "rua". São habilitados a separar o efêmero do essencial; teriam tarefa semelhante ao do colunista de jornal, aquele que vê a balbúrdia e no mesmo dia, é obrigado a detectar o que é importante. Trazer a rua significa também levar o estudante para rua- e aqui, a internet assume toda a sua potencialidade. Ir para a rua é mais do que visitar museus, teatros,fazer axcursões. É também oferecer ao aluno, experiências práticas, inundando-o de realidade, convidando-o cedo a lidar com conflitos. Do conflito, o professor extrai as lições dos livros. Quero dizer: trabalhos comunitários devem valer nota. Assim como estágios em empresas. Não me refiro aqui, a estágios ou visitas a favelas esporádicos, mas a uma rotina de vivência fora dos muros escolares. Ministrar testes que não merçam informação acumulada, mas manejo de associações de dados, que induza a reflexão e não a memorização. A educação do futuro, portanto está na rua.

Gilberto
Dimenstein.

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